A isto se chama destino: estar em face do mundo, eternamente em face (Rilke)

domingo, 31 de agosto de 2014

IBITIPOCA




Esta paisagem singular
Deixou um rastro de vida
Flor que é saudade,
Cristais nos olhos,
Veredas que a tudo anima.

Ali, ao batismo da
                         água pura.
Na irmandade dos peixes
O corpo sereno na correnteza.
                           seguiu
A alma insaciável na
                        paz dos dias.

Nesta natureza que é templo.
Onde Narciso dá de comer
                        aos lobos.
Onde a flor dos manacás
                        se oferece.
Ali verti os ares como o
                   grande pássaro
A tudo que nascia.
Bromélias na árvore seca.
Amores imperfeitos em
                 trilhas infindas.
Eu que  aos mares viajei.
Que nas cidades vivi o
                 inferno dos dias.
Branca lua saudou-me,
E o rio como um vulto,
                 que insinua.

Na cachoeira, como turbilhão,
Lágrimas verteram,
Banharam as aves
Inclinadas ao vento.
A saudade abriu-se em flor.
O mundo em mistérios.
E, assim, atravessamos a
Branca estrada de quartzos.
Milhões de pequenas pedras.
Retangulares, redondas...
Em teus olhos refletiam
Só a lua, agora,
Em nossa companhia.
(Poema e foto de Roberto Nicolato)

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