A isto se chama destino: estar em face do mundo, eternamente em face (Rilke)

domingo, 12 de março de 2017



NEM TUDO SÃO ROSAS


Ela curvou as patas,
Lambeu por instantes
Com a língua ácida
O pelo macio,
Como um arminho
Pronto para ser coroado.

Sinistra, no silêncio
Concluso que é seu,
Atirou-se contra o vento
Em busca de pássaros,
De penas, assim que a
Lua rompeu no oceano.

Apresentou-se pra mim
No mundo em que se organiza
Como ser sem mácula.
Inocente e inesperada,
      E cravou suas unhas no
      Coração dos homens
      Como uma roseira
      Repleta de espinhos.






terça-feira, 24 de janeiro de 2017

ÁGUAS DE VERÃO





















Águas de verão,
pra que tantas?
Se o solo já se encharcou,
os rios transbordaram
e as ondas, sob
a força dos ventos
invadiram
a restinga.

E quem assim a fez,
desordem natural,
de um tempo tardio,
que se esparge e
invade meu cérebro:
sonoras intenções.

Água cantando, chuva,
intermitente,
No coração, que
ouso escutar...
E me atormentam
Mais que tempestades.

Chuvas que molham
minha alma. Doçura
do mito, embriaguez.
Águas de pura letargia
Nesse dia movediço.

São águas de um
verão tardio.
Que encharcam
meus poros,
Canais irrigados
de lembranças...
Presente que
se faz passado...

Chuva que o
outono prenuncia.
O mar é seu instante,
último caminho.

Águas pra
Que tantas?
Se os muros
ruíram...
Se meus olhos
Inundaram-se
nessa torrente
de desejos
e dúvidas.

Poema e foto (Pontal do Paraná): Roberto Nicolato