A isto se chama destino: estar em face do mundo, eternamente em face (Rilke)

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

UM ROSTO APENAS



Na rua trafegam:
Ônibus resoluto,
Máscaras bêbadas,
Em rostos pueris.

A viagem ensaia
uma cantiga
no cimento fosco.

Olho no teu olho
sorriso fácil
Apagando imagens:
Recordações vis

Danço solto
No pó do asfalto.
Entre raps, rocks
E bolhas de sabão.
Viagem que não faço
Na condução em
Que  trafega, um aceno,
Que eu sei, não verei mais.

Desconheço teu endereço
Deixo nas engrenagens
Amarguras, lassidão.

Estou a esperar-te
Em direções opostas.
Enquanto cruzam
artérias,
esse ônibus
vermelho
aflito.


Na memória
Restou  um olhar, 
fotografado,
um rosto,
esquecido.

A condução contorce,
E o mundo se revela,
como tudo em volta.
O ar gélido
Reproduz formas
na janela.
O silêncio reina.
E Curitiba se faz real,
Aos meus olhos,
nessa tarde molhada.

(Roberto Nicolato)