A isto se chama destino: estar em face do mundo, eternamente em face (Rilke)

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Lançamento de A Caminhada ou O homem sem passado

O professor, jornalista e escritor Roberto Nicolato lança nesta quinta-feira (24/04), a partir das 21 horas, o romance de viagem "A caminhada ou O homem sem passado", na Universidade Positivo (Bloco azul). O evento ocorrerá após a abertura do 15o Encontro Nacional de Professores de Jornalismo e integra a sessão de lançamento de mais sete livros, todos de autoria de jornalistas e professores de várias regiões do Brasil. Veja no link a seguir  a relação e sinopse dos livros: : http://www.fnpj.org.br/noticia/15enpj-tera-lancamento-de-oito-livros-na-noite-de-abertura-867.


segunda-feira, 21 de abril de 2014

BÓRIS


De que é feita
     a imagem de Boris,
se não de amor
incomunicável,
em sua estátua
de silêncio.

De pelo macio,
Suave é a sua
compleitura.
Um laço xadrez
o prende ao
pescoço,
pronto a abraçar
quem o procura.

De que é feita
a imagem de Boris,
se não de  uma
luta, invisível,
entre amor
e morte.

Se pudesse 
Dar-lhe a fala.
    Olhar resoluto;
virilidade para
    impor ao
mundo a sua
doce luxúria.

Arrisca um passo
Sobre Baudelaire,
Descontraído
sobe, derruba
a pilha,
apanha Machado.
os sertões de
Guimarães.

    De que é feita
    a imagem de Boris,
    senão de um
    afeto antigo,
   presenteado,
    imagem
  de barro  e chuva.
    Do chamado da
natureza, que
Para sempre
Deixou.

De que é feito Boris,
que sozinho
 no quarto
se perpetua:
essa imagem de bicho
mirando a sua.

Poema de Roberto Nicolato

sábado, 12 de abril de 2014

ETERNO-SINGULAR

Agora que a água
transmutou-se.
A pedra virou ouro
O rio criou sapos
Naufragou a serpente
Roeu o caule o sabiá
Moeu de milho o moinho
A árvore de frutos secou
A brisa desatou em nós
Agora que tudo foi presságios,
Que a vida desandou
Por caminhos insólitos...

Agora que a fruta deixou o galho.
O sino tocou a valsa do silêncio
Margaridas viraram o rosto ao sol
A lua brilhou nos caminhos de quartzitos.
O leão bebeu a sede nos vales
Chega esse amor sem fundamento
Como estrelas que não se apagam.

Agora que o vento é calmaria,
Que a areia repousou
Às margens do mar;
Agora que o índio tocou
A valsa do silêncio;
Que os peixes dançaram
Nos convés dos navios submersos
Eu te revelo amantes
Este espaço infindo
Em que reina a paz
E a flor do amanhecer
Se abre eternamente.

Agora que a água beijou a areia,
Eu te revelo esse mistério
Que nada tem ao longe e sério,
E de tão perto, as pedras do  deserto
Se juntam ao mar, incompreensíveis
Como tudo que o cerca,
O eterno-singular.

Poema e foto de Roberto Nicolato