A isto se chama destino: estar em face do mundo, eternamente em face (Rilke)

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014


DESPEDIDA

  
Adeus ilusões perdidas,
dores desavisadas,
abrigos imemoriais.
Capim de ribanceiras.
Beijos roubados.
Minha sorte viaja de trem.

Adeus estações veladas
à distância, construções
de fumaça. Muros e bananeiras.
Destino incerto à beira
da estrada. Dormentes marrons.

Adeus canções do mato, louva-a-deus.
Sol de todos os amores,
Cachoeiras que guardam segredos.
Arroubos de sonhos.

Meus passos seguirão ocultos,
na obscuridade dos mundos.
Estarei vagando por caminhos,
Como um lobo solitário.

Adeus bando de tanajuras,
mariposas, libélulas.
Benção dos rios, para sempre
minha sorte estará perdida.
Meus sonhos me ultrapassarão.
Trem dos desejos imediatos,
velha construção que balança.

Adeus bancos da praça,
Políticos desavergonhados,
alcoviteiras de plantão,
amores que não provei.
Dores que não amei.

Adeus querubins do mato,
tronco de angico, peixe desavisado.
Muros que não fecharam a vida,
estendida para a aventura, doce
morada de frutas suculentas, amadas.

Adeus fantasmas de beira de estrada,
segredos que a noite esconde
e finge que os mostra nas crendices.

Adeus imagens perdidas na memória
Coração desnudado, de outros sonhos,
Trem que parte lento na imaginação...

Poema e foto de Roberto Nicolato


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