OUTONAL
Quando no outono, a tristeza desse coração
desfolha,
Lembre-se de cortejar o sol, o corpo nu,
para que se cumpra a promessa.
As abelhas mirins virão a nós, na preguiça
dos dias.
“É tudo em vão”, dirá a flor ao bicho que
se espreguiça.
“Que o universo desse amor
seja o caminho de árvores,
veredas e buritizais”.
Dorme no outeiro o coração do homem que
duvida.
É tempo de espera, de recolhidas
adivinhações.
Na solidão da floresta, densa é a noite,
melancólica a visão do dia.
melancólica a visão do dia.
Um jaboti assovia uma canção de ninar:
“Dorme nos meus braços
a flor violeta dos manacás”.
É tempo de resinas e caules nus, vidas
secretas
Do caracol ensimesmado na carapuça.
As abelhas mirins fecham-se no tronco de
uma palmeira.
Deixe que a lua projete a sombra dos
mares.
Desenhe um arco-íris na Garganta do Diabo.
Essas são as águas com que fazes a prece.
O orvalho com o qual inauguras todas as
manhãs.
Molhe-o com teu rosto, ensine o perdão.
Não há mais tempo para o amor tardio.
A encenação das aves, inclinadas ao vento.
Recolhe-se o lagarto, o camaleão nas
tendas.
O coração que se resguarda na carapaça
Para que o tempo se cumpra, outonal.
Poema de autoria de Roberto Nicolato - Curitiba/PR
(Fotos: Roberto Nicolato)
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