Agora que a água
transmutou-se.
A pedra virou ouro
O rio criou sapos
Naufragou a serpente
Roeu o caule o sabiá
Moeu de milho o moinho
A árvore de frutos secou
A brisa desatou em nós
Agora que tudo foi presságios,
Que a vida desandou
Por caminhos insólitos...
Agora que a fruta deixou o galho.
O sino tocou a valsa do silêncio
Margaridas viraram o rosto ao sol
A lua brilhou nos caminhos de quartzitos.
O leão bebeu a sede nos vales
Chega esse amor sem fundamento
Como estrelas que não se apagam.
Agora que o vento é calmaria,
Que a areia repousou
Às margens do mar;
Agora que o índio tocou
A valsa do silêncio;
Que os peixes dançaram
Nos convés dos navios submersos
Eu te revelo amantes
Este espaço infindo
Em que reina a paz
E a flor do amanhecer
Se abre eternamente.
Agora que a água beijou a areia,
Eu te revelo esse mistério
Que nada tem ao longe e sério,
E de tão perto, as pedras do deserto
Se juntam ao mar, incompreensíveis
Como tudo que o cerca,
O eterno-singular.
Poema e foto de Roberto Nicolato
Poema e foto de Roberto Nicolato
Que lindo Nico!
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