A isto se chama destino: estar em face do mundo, eternamente em face (Rilke)

domingo, 3 de fevereiro de 2019

NO UNIVERSO DA RUMBA (André)


Um homem negro também entrou na roda de colar e guias no peio nu, atiçando os que acompanhavam, jogando os braços pra cima e pra baixo, as pernas tremulando num gingado, deslizando no cimento fosco... Como um galo afoito e sedutor, ele se aproximou da morena de short branco e bustiê, ela provocando num jogo de conquistas, e ele enfiou rapidamente uma das pernas por trás da moça e ela numa fuga zombeteira, adiantou alguns passos, colocando e tirando o lenço das partes íntimas, na defensiva, ao mesmo tempo em que se entregava ao universo da rumba e da lascívia, lembrando o ritual da fertilidade que caracteriza o guaguancó.
                                                                                                                  
De "Havana me engana" 

Foto: Roberto Nicolato

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