Na rua trafegam:
Ônibus resoluto,
Máscaras bêbadas,
Em rostos pueris.
A viagem ensaia
uma cantiga
no cimento fosco.
Olho no teu olho
sorriso fácil
Apagando imagens:
Recordações vis
Danço solto
No pó do asfalto.
Entre raps, rocks
E bolhas de sabão.
Viagem que não faço
Na condução em
Que trafega,
um aceno,
Que eu sei, não verei mais.
Desconheço teu endereço
Deixo nas engrenagens
Amarguras, lassidão.
Estou a esperar-te
Em direções opostas.
Enquanto cruzam
artérias,
esse ônibus
vermelho
aflito.
Na memória
Restou um olhar,
fotografado,
um rosto,
esquecido.
A condução contorce,
E o mundo se revela,
como tudo em volta.
O ar gélido
Reproduz formas
na janela.
O silêncio reina.
E Curitiba se faz real,
Aos meus olhos,
nessa tarde molhada.
(Roberto Nicolato)
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